domingo, outubro 12, 2008

HÁ QUE REFLECTIR...





A entrevista dada pelo Dr. Filipe Soares Franco, Presidente do SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, a diversos órgãos da comunicação social na passada 6ª feira – Diário de Notícias, Record e Diário Económico – constitui uma verdadeira pedrada no charco e espero bem que seja o ponto de partida para uma profunda e adequada reflexão de todos os sportinguistas no que respeita à sua atitude face ao clube. Exemplo disto foram as reacções que se seguiram e de que adiante me socorrerei.
Para começar, e quanto ao efeito imediato da entrevista, foram significativas as palavras do Dr. Manuel Pinto Coelho ao referir que a "Declaração abanou-me. Abanou os meus alicerces de sportinguista....".

A “praxis” democrática faz do substracto humano das instituições o seu verdadeiro motor, que naturalmente potenciará outros aspectos estruturais não menos importantes, mas sempre dependentes da dinâmica que o referido substracto humano for capaz de lhes imprimir. Quero com isto dizer que o SPORTING será aquilo que os seus sócios forem capazes de dele fazer !

Quanto a este aspecto o diagnóstico foi claro – há falta de militância.
Encaro esta muito lúcida observação com um duplo alvo.
Em primeiro lugar, dirigida aos adeptos que poderiam ser sócios e assim alargar o real universo do NQCLUBE. Este factor, se por um lado tem causas que radicam em manifestas insuficiências de iniciativa interna, havendo que tomar medidas que apelem a novas adesões, tem sobretudo mais a ver com a clara situação de crise que a nossa sociedade atravessa, onde as dificuldades do quotidiano são cada vez mais preocupantemente evidentes.
Disse, e muito bem, o Dr. Ernesto Ferreira da Silva – “... a base de apoio existe. Problema é levá-los a envolver-se. Há causa internas e externas. A globalização, o custo de vida e os horários dos jogos por uma lado, mas também o falhanço da área comercial.”.

( Aproveito para apelar a que meditemos sobre os “el dorados” que nos foram então acenados pelos precursores dos neoliberalismos globalizadores da Sra. Thatcher e do Sr. Ronald Reagan e tão triunfalmente celebrados nas teses que se lhe seguiram sobre o “fim da história” papagueadas pelos Fukuyama’s e Cia... Foi o endeusamento do sacrossanto mercado, essa realidade absoluta que em si tudo continha, inclusivé a capacidade para se autoregular e autoregenerar... Agora, pelos sete cantos do mundo, não há quem não reclame a intervenção do Estado, então tão vilipendiado e tido como uma força de bloqueio ao desenvolvimento... Está à vista o embuste com que nos tentaram intoxicar... Mas isto são prédicas para outras paróquias, ainda que aqui deixe o apontamento).

O outro alvo das palavras do Presidente do SPORTING são aqueles sócios que, sendo-o, deveriam assumir uma postura mais actuante e consequente no apoio ao Clube e às suas representações, devendo ter bem presente que se à partida votaram neste ou naquele candidato, em quem eles efectivamente acabaram por votar foi no SPORTING CLUBE DE PORTUGAL, pelo que atitudes como a de “fazer oposição” têm de ter uma formatação muito específica que não ponha em causa o apoio inequívoco a quem veste a camisola do NQCLUBE.
A propósito, recordou Fernando Mendes, um dos nossos “grandes capitães” – “Lembro-me de um jogo como FC Porto em 61 em que atirámos seis bolas ao poste e no último minuto perdemos. Fomos ovacionados e acabámos campeões. Agora é impossível: na sociedade moderna as pessoas só querem vitórias e não perdoam.” (Como tenho bem presente esse jogo, quanto mais não seja porque, chegado da longínqua África, foi o meu primeiro SPORTING-FCPorto ao vivo... Apenas uma pequena rectificação, meu caro Fernando Mendes, o jogo foi em fins de Janeiro ou princípios de Fevereiro de 1962, e não em 61...).
Exemplos a ter em consideração são, por exemplo as palavras de José Eduardo ou de Bessone Basto que, ultrapassando a sua opção em momento eleitoral, sabem desfraldar a sua bandeira do SPORTING quando declaram que “Apesar de ter feito oposição a Franco é justo reconhecer o trabalho extraordinário que tem feito. Mas no capítulo da relação com os adeptos há muito a fazer” (José Eduardo) ou “Concordo com Soares Franco e a partir de hoje estou com ele. É importante que as pessoas percebam que temos de lutar todos para o mesmo lado. O Sporting tem de sair desta crise” (Bessone Basto).
Comentando a entrevista do Dr. Soares Franco, sublinho a análise correcta do Dr. Aguiar de Matos quando refere que “ É capaz de ter razão e isso reflecte-se no facto de não ter aumentado o número de sócios. O adepto do Sporting tem uma postura muito acomodada. Quer os êxitos mas não faz muito por isso.”.

Creio que tudo isto são dados mais do que suficientes e diversificados para que, no intervalo das preocupações quotidianas em que a actual crise social nos mergulhou, ao arranjarmos espaço e tempo para reflectir sobre o NQCLUBE, saibamos estar à altura de sermos verdadeiros SPORTINGUISTAS, de modo a darmos as respostas que nos cabem.

A propósito, permitam-me respigar parte de um “post” que aqui em tempos deixei:

SER SPORTINGUISTA...


...é ver no SPORTING uma das páginas mais belas das nossas vidas...


... é sentir o SPORTING como uma das realidades mais importantes do mundo...


...é sentir felicidade quando o SPORTING ganha...


... é sentir uma grande tristeza quando o SPORTING perde...


... é sentir um profundo orgulho em ser do SPORTING, quer ganhe quer perca...


... é apoiar sempre, mas sempre, a equipa do SPORTING e todos os que a representam de leão ao peito...


... é tudo isto e muito mais...


MAS SER SPORTINGUISTA...


...NÃO é fomentar a divisão em nome de falsos e vaidosos protagonismos...


...NÃO é enxovalhar na praça pública quem legitimamente representa o SPORTING...


...NÃO é assobiar os nossos atletas quando as coisas correm mal, se calhar exactamente no momento em que se impõe o incentivo...