As eleições de ontem representaram indiscutivelmente uma grande jornada de sportinguismo e creio que marcam um momento de viragem muito sensível na vida do Clube.
Uma grande jornada de sportinguismo, pela participação eleitoral, pela elevação e serenidade com que decorreram as eleições, pelo entusiasmo transbordante com que foi vivida a longa espera pela divulgação dos resultados oficiais, pelo
fair-play de vencidos e vencedores, que se seguiu a uma campanha eleitoral essencialmente correcta, que não envergonha o SPORTING nem os sportinguistas.
Um momento de viragem, por não restarem já grandes dúvidas de que a gestão do dr. José Eduardo Bettencourt terá um cunho pessoal muito vincado, representando uma ruptura, tranquila mas decidida, com o passado recente. Quem insistir em chamar a Bettencourt uma
solução de continuidade, não está a ver bem o filme.
Os números esmagadores da vitória eleitoral permitem ao candidato vencedor apostar com redobrada energia na unidade sportinguista e na mobilização geral em torno do Clube, com uma aposta na relação com a massa associativa e na exaltação da alma leonina. Bem se pode dizer que o homem da bandeira, simbolizando o adepto apaixonado de bancada, está de volta e recebido como um herói.
A ver vamos se o ambiente de verdadeiro entusiasmo que ontem se viveu no auditório do Estádio até serem conhecidos os resultados, com cânticos, anedotas, memórias, evocações sentidas do passado e de figuras marcantes da história do SPORTING, que até deu para que um sócio espontâneo fosse à mesa fazer o relato radiofónico do primeiro golo da próxima temporada (passe de Abel para João Moutinho pela direita, cruzamento para a área e golão de cabeça de Liedson), pode ter expressão imediata no aumento do número de sócios, no aumento de bilhetes de época vendidos e no aumento de espectadores no Estádio, condições que dependem, não de qualquer projecto de reestruturação financeira, mas da mera vontade de cada um de nós em se empenhar ainda mais no esforço que é necessário fazer para engrandecer o SPORTING.
Veremos também se a oposição, reduzida depois do mandato de Soares Franco (que essa oposição tanto contestou) de 25% para 10% do universo leonino, tem a capacidade e o bom senso para entender o sentido do voto e a mensagem dos vencedores, garantindo ao Clube a paz na retaguarda sem a qual é muito difícil ganhar qualquer batalha.
É preciso também dizer que, nos tempos que correm, ver uma comunidade tão alargada como a massa associativa do SPORTING dar um exemplo destes de serenidade democrática, recusando o facilitismo, a demagogia, o populismo, a miragem do êxito a qualquer preço, o expediente da carta na manga, é muito reconfortante. As eleições de ontem e os seus resultados significam que a massa associativa do SPORTING é, de facto, única na sua relação com o Clube.
Ao sair, madrugada alta, do auditório de Alvalade, senti poder ter presenciado um momento de grande significado para o SPORTING. No regresso a casa, chamei a atenção da Madalena para a magnífica lua cheia no céu da nossa Lisboa. Nesse luar, vi um clarão de esperança. De esperança no futuro do Nosso Muito Querido Clube.
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