domingo, janeiro 20, 2008

Colosso do futebol mundial

Ontem, o provedor do leitor do DN reflectiu sobre a tendência clubística dos jornais, tendo ouvido os directores dos três diários desportivos. O depoimento de Vítor Serpa constitui um bom retrato do próprio. Limitando-se a afirmar que "A Bola" vende mais quando o Benfica ganha, o director do ex-jornal esconde o essencial. A questão, do ponto de vista jornalístico, não está no espaço dedicado a cada clube ou no destaque conferido às notícias que lhe dizem respeito. O que impede que "A Bola" seja hoje um jornal no sentido rigoroso do termo é ter-se transformado numa agência de comunicação ao serviço da direcção de um clube. O que torna "A Bola" de hoje num produto rasca não é o volume de informação dedicada ao Benfica mas as doses maciças e sistemáticas de contra-informação e de deturpação pura dos factos no noticiário dedicado ao Benfica e aos outros clubes.
Olhem só para a edição de hoje: na capa, o título principal é Enfim, vitórias. Ou seja, ganhar por 1-0 é igual a ganhar por 4-0. Na análise geral, afirma-se que o Benfica se reconciliou com as vitórias, o que constituirá um sinal de adeus à crise. Na crónica da Luz, a tónica é colocada na boa prestação do Feirense, que obrigou o Benfica a ouvir assobios. Ou seja, os assobios na Luz não foram causados pela má exibição do Benfica, mas sim pela boa exibição do adversário. Curiosamente, no Dragão e em Alvalade já não é assim. Quanto ao Porto, dando-se grande destaque aos assobios a Quaresma, não se diz que estes tenham sido causados pela exibição do Aves. E em Alvalade, ainda pior. Aqui, a crise continua. O escriba de serviço dá grande destaque aos assobios à equipa, que também neste caso não foram causados pelo Lagoa, equipa descrita como frágil e simpática. Não há dúvida, colosso do futebol mundial é só o Feirense!