domingo, julho 27, 2008

Moutinho

Os clubes estão hoje reféns dos jogadores profissionais, apesar da existência de contratos assinados livremente por estes. Veja-se o caso de Ronaldo com o Manchester United, onde não basta ao jogador português made in Alvalade ser o jogador mais bem pago do mundo, quer ser ainda mais bem pago pelo Real Madrid. Veja-se a azia de Quaresma no FC Porto. Os jogadores sabem o que assinam, sabem que os contratos definem as condições em que podem sair, mas isso pouco vale, essa é que é essa.
Não há que negar: as palavras de João Moutinho a dizer que gostava de sair do Sporting serão um choque para muitos sportinguistas. Se é verdade que Moutinho tem sido um atleta exemplar ao serviço do NQC (e que é um grande jogador de futebol), também não é menos verdade que o Sporting lhe deu tudo o que ele é hoje. Mas não sejamos ingénuos: quem escolhe Pina Zahavi para seu empresário não é certamente com intenção de fazer a sua carreira no clube onde se encontra. Muitos sportinguistas «sonharam» com isso. Viam em João Moutinho, prematuramente alçado à condição de «capitão», o homem capaz de suceder ao inesquecível Manuel Fernandes, o nosso «grande capitão». Bastam as palavras hoje vindas a lume na comunicação social para perceber que, mesmo que Moutinho fique, nunca será um novo Manuel Fernandes.
Não terá sido por acaso - o nosso treinador sabe onde se move - que parece claro que é em torno de Rochemback que o jogo do Sporting irá assentar nesta temporada, como ficou mais uma vez evidente no jogo de ontem com o Blackburn.
Mas as palavras são também inoportunas. Moutinho sabe que nenhum clube cumpriu as regras estabelecidas, por ambas as partes, para a rescisão do seu contrato e que, neste momento, só sairá se o Sporting aquiescer. Sabe também que o Sporting considera, neste momento, o seu plantel «fechado» (tanto quanto isso exista no mundo de hoje...), terminados os prazos-extra dados para os clubes interessados apresentarem propostas por João Moutinho e Miguel Veloso. Sabe que, depois das suas palavras, deixa o Sporting e os seus dirigentes entre a espada e a parede.
Se Moutinho acabar por sair, o Sporting, embora esteja bem artilhado no meio-campo (Veloso, Rochemback, Vukcevic, Izmailov, Pereirinha, Adrien, Romagnoli), com parte do dinheiro recebido deverá fazer um esforço para ir buscar um jogador de grande valia. Eu cá não escondo a minha preferência: Maniche continua sem ser integrado no plantel do Atlético de Madrid... E é do Sporting, mesmo, desde pequenino.
E é também bom dizer que se há quem queira sair, há muitos que querm jogar no Sporting, como ainda neste defeso se viu com Marco Caneira e com o argentino Grimi, que tudo fizeram para voltar. É assim o mundo do futebol.