quarta-feira, agosto 22, 2007
Ainda a Volta
A Volta a Portugal terminou em Viseu há precisamente uma semana. A prova foi um sucesso. Sem casos de doping, com emoção até ao fim, com audiências televisivas muito interessantes e a conseguir trazer autênticos banhos de multidão para a estrada (Santo Tirso, Fafe, Gondomar, São João da Madeira...).
Cândido Barbosa e a Liberty Seguros ficaram, pelo terceiro ano consecutivo, à porta do êxito, disputando a corrida até ao contra-relógio final, mas perdendo-a no último dia. Ainda assim, Cândido atingiu este ano o cume da sua enorme popularidade. Vencedor vibrátil de quatro etapas, foi o herói mediático da prova - cognominado justamente como corredor do povo.
Haverá para ele, com esta ou com outra camisola, uma quarta oportunidade?
Para o vencedor, Xavier Tondo, e a sua equipa, LA-MSS, o reconhecimento de um trabalho muito consistente, correndo para o grande objectivo final, conseguido sem sequer ganhar uma etapa.
A Volta foi rijamente disputada do princípio ao fim. Logo na primeira etapa (Portimão-Beja), destinada em princípio a não ter grande história, assistiu-se a uma corrida espectacular, que marcou o destino da prova.
Vale a pena contar: à passagem por Castro Verde, a menos de 50 kms. da chegada, a planície alentejana era varrida por um fortíssimo vento quente. Uma longa fuga de meia dúzia de corredores trazia uma vantagem sobre o pelotão de mais de sete minutos, sem que o jogo das equipas mais poderosas, em fase de estudo recíproco, parecesse capaz de agregar as energias necessárias para evitar que os fugitivos chegassem isolados a Beja. À saída de Castro Verde, os corredores do Benfica saltaram para a cabeça do pelotão e imprimiram à coluna um ritmo diabólico. Com os corredores rolando a toda a velocidade em fila indiana, as rajadas de vento rapidamente provocaram fracturas no grupo, dividindo-o em três. Surpreendidos, dois dos candidatos à vitória final ficaram arredados do primeiro grupo - Cândido e Tondo. O primeiro foi mais lesto a reagir e num esforço enorme conseguiu chegar-se à frente, mas a deitar os bofes pela boca. O catalão, que havia de vencer a prova, ficou irremediavelmente para trás e se, na frente, o ritmo não tivesse abrandado, teria ali mesmo enterrado todas as suas ilusões. A equipa Liberty Seguros foi acusada de não ter colaborado com o Benfica e de ter perdido a oportunidade de liquidar o chefe-de-fila da LA-MSS. Só que, se o fizesse, Cândido não teria, ele próprio, aguentado. Américo Silva também confiava muito (e com razão) em Hector Guerra, mas não podia derrotar Cândido no primeiro dia...
O episódio de Castro Verde para Beja é ainda muito interessante por um outro motivo: demonstra o modo arrogante com o Benfica encarou a prova, julgando que poderia dominar todas as fugas, para que Benitez fosse ganhando etapas ao sprint, até Azevedo deixar toda a concorrência para trás, quando a corrida chegasse à Serra. Como foi possível pensar que a corrida poderia ser ganha dessa forma? A verdade é que, como se demonstrou à saciedade, a equipa do Benfica, a começar pelo seu chefe-de-fila, não tinha condições para dominar a prova, como pretendeu.
A prosápia vieirista também chegou ao ciclismo, com os resultados que estão à vista. O patrocínio diz tudo: Sagres ZERO!
Só tenho pena que o fanfarrão que veio a este blogue quando aqui saudei a vitória de Cândido no campeonato nacional, ainda cá não tenha voltado, comentando a prestação da equipa encarnada...
Cândido Barbosa e a Liberty Seguros ficaram, pelo terceiro ano consecutivo, à porta do êxito, disputando a corrida até ao contra-relógio final, mas perdendo-a no último dia. Ainda assim, Cândido atingiu este ano o cume da sua enorme popularidade. Vencedor vibrátil de quatro etapas, foi o herói mediático da prova - cognominado justamente como corredor do povo.
Haverá para ele, com esta ou com outra camisola, uma quarta oportunidade?
Para o vencedor, Xavier Tondo, e a sua equipa, LA-MSS, o reconhecimento de um trabalho muito consistente, correndo para o grande objectivo final, conseguido sem sequer ganhar uma etapa.
A Volta foi rijamente disputada do princípio ao fim. Logo na primeira etapa (Portimão-Beja), destinada em princípio a não ter grande história, assistiu-se a uma corrida espectacular, que marcou o destino da prova.
Vale a pena contar: à passagem por Castro Verde, a menos de 50 kms. da chegada, a planície alentejana era varrida por um fortíssimo vento quente. Uma longa fuga de meia dúzia de corredores trazia uma vantagem sobre o pelotão de mais de sete minutos, sem que o jogo das equipas mais poderosas, em fase de estudo recíproco, parecesse capaz de agregar as energias necessárias para evitar que os fugitivos chegassem isolados a Beja. À saída de Castro Verde, os corredores do Benfica saltaram para a cabeça do pelotão e imprimiram à coluna um ritmo diabólico. Com os corredores rolando a toda a velocidade em fila indiana, as rajadas de vento rapidamente provocaram fracturas no grupo, dividindo-o em três. Surpreendidos, dois dos candidatos à vitória final ficaram arredados do primeiro grupo - Cândido e Tondo. O primeiro foi mais lesto a reagir e num esforço enorme conseguiu chegar-se à frente, mas a deitar os bofes pela boca. O catalão, que havia de vencer a prova, ficou irremediavelmente para trás e se, na frente, o ritmo não tivesse abrandado, teria ali mesmo enterrado todas as suas ilusões. A equipa Liberty Seguros foi acusada de não ter colaborado com o Benfica e de ter perdido a oportunidade de liquidar o chefe-de-fila da LA-MSS. Só que, se o fizesse, Cândido não teria, ele próprio, aguentado. Américo Silva também confiava muito (e com razão) em Hector Guerra, mas não podia derrotar Cândido no primeiro dia...
O episódio de Castro Verde para Beja é ainda muito interessante por um outro motivo: demonstra o modo arrogante com o Benfica encarou a prova, julgando que poderia dominar todas as fugas, para que Benitez fosse ganhando etapas ao sprint, até Azevedo deixar toda a concorrência para trás, quando a corrida chegasse à Serra. Como foi possível pensar que a corrida poderia ser ganha dessa forma? A verdade é que, como se demonstrou à saciedade, a equipa do Benfica, a começar pelo seu chefe-de-fila, não tinha condições para dominar a prova, como pretendeu.
A prosápia vieirista também chegou ao ciclismo, com os resultados que estão à vista. O patrocínio diz tudo: Sagres ZERO!
Só tenho pena que o fanfarrão que veio a este blogue quando aqui saudei a vitória de Cândido no campeonato nacional, ainda cá não tenha voltado, comentando a prestação da equipa encarnada...