terça-feira, janeiro 23, 2007
Memórias
Pela noite de ontem, ao vislumbrar em diferido o excelente jogo de andebol Croácia-Rússia, no actual Mundial da Alemanha, lembrei-me do nosso Sporting. Lembrei-me do Brito e da época em que incontestavelmente dominávamos a modalidade. Lembrei-me de 1969, quando praticava atletismo no clube, nas camadas mais jovens, uma excelente secção dirigida pelo saudoso Sá Viana. Lembrei-me do Carlos Lopes, do Fernando Mamede, do Aniceto Simões, treinando na pista de cinza e atentamente observados pelo prof. Moniz Pereira, sempre de cronómetro em punho, e que passavam como flechas pelos putos, atónitos. Lembrei-me do Vitor Damas, do Dinis, do Manuel Fernandes. Lembrei-me do Joaquim Agostinho nos seus despiques vitoriosos com o Fernando Mendes, no velódromo de Alvalade. Lembrei-me do velho estádio, da massa associativa que se dispunha de forma desordenada mas que demonstrava um profundo amor à camisola. Como, aliás, nesses tempos, a generalidade dos atletas. Lembrei-me de um meu vizinho que convocava toda a família, a mulher e dois filhos, e seguiam no autocarro 50 em direcção a Alvalade. Todos vestidos de verde e branco, e o homem com uma bandeira gigante que lá conseguia enfiar no veículo. E o homem humilde, sempre que o Sporting marcava, invadia a pista, agitava o enorme mastro com o leão, enquanto os filhos, um rapaz e uma rapariga, corriam tímidos para entregar flores as jogadores. Lembrei-me de muito mais. E sorri. Este foi o meu primeiro Sporting. E sê-lo-á para sempre, mesmo com esta acelerada e imprevisível mutação dos tempos. Saudações leoninas.