sexta-feira, fevereiro 09, 2007

BATOTA - Postura que vem de longe...


I

Com a devida vénia, transcrevo a notícia publicada na edição electrónica do jornal RECORD, datada de 9.2.2007, às 00.49 horas:

"António Tavares, jogador internacional do Benfica e capitão de equipa, acusou doping em dois controlos recentes, razão pela qual não tem sido utilizado, nas últimas partidas, pelo técnico Henrique Vieira.O rumor de que algo de errado se passava com o base encarnado já era conhecido há alguns dias (até porque não foi visto junto dos companheiros nas três partidas em que não alinhou), mas os responsáveis do conjunto da Luz apenas adiantavam que o assunto era “do foro médico”. Constava mesmo que estaria constipado.Ontem, através do vice-presidente Fernando Tavares, as águias confirmaram a verdadeira situação de António Tavares. “O jogador foi controlado a 8 de Dezembro de 2006, após o jogo com o Ginásio, na Figueira da Foz, e mais tarde, a 27 do mesmo mês, durante uma sessão de treino. O resultado foi positivo nas duas situações. A contra-análise foi efectuada na última segunda-feira, no CNAD. O Benfica, logo que seja informado do resultado, irá emitir um comunicado sobre o tema”, explicou Fernando Tavares.
Queda de cabelo
Embora o vice-presidente benfiquista se tenha recusado a prestar mais esclarecimentos – o atleta em causa esteve incontactável todo o dia –, Record sabe que na origem deste duplo resultado positivo pode estar um medicamento que Tavares terá utilizado, nos últimos meses, para evitar a queda de cabelo. Caso o resultado da contra-análise seja positivo, o jogador deverá ser suspenso vários meses."

...permitam-me um breve comentário - esta de ser para tratar da "careca" não lembrava ao "careca"...


II

Também com a devida vénia, passo a transcrever na íntegra uma crónica - Ainda o "doping". Quando começou a luta? - publicada no DIÁRIO DESPORTIVO de hoje e da autoria do Sr. Dr. Armando Rocha, que, se me não falha a memória, era o Director-geral dos Desportos à época em que ocorreu este edificante e elucidativo episódio:

"Já agora, volto ao tema para assinalar o início preciso da luta contra o flagelo do "doping", através de um mero ensaio. Não quisemos avançar nessa luta sem fazer uma "experimentação" no terreno...
Escolhemos a data da final da Taça de Portugal em futebol, de 1970, que teve lugar como era hábito, no Estádio Nacional. O Sport Lisboa e Benfica e o Sporting Clube de Portugal levaram ao Jamor uma enorme assistência a quem proporcionaram um excelente espectáculo. E foram eles o alvo desse ensaio anti-"doping".
O planeamento da acção foi feito na Infante Santo, debaixo de segredo absoluto. Apenas dela tiveram prévio conhecimento o próprio Director-geral dos Desportos, o inspector do futebol e o médico escalado para fazer a recolha do líquido orgânico.
Durante o intervalo do jogo, na tribuna presidencial, falei com os presidentes dos dois clubes, Drs. Borges Coutinho e Brás Medeiros, a quem expliquei o que se pretendia fazer e dei a garantia de que não haveria consequências quer para os atletas quer para os clubes se, eventualmente, viessem a ser detectadas substâncias interditas, nas análises laboratoriais.
Ambos os presidentes deram a sua aquiscência sem reservas e logo ali se sortearam os nomes dos 4 jogadores a controlar. De seguida, o inspector dos desportos desceu ao relvado e deu conta da acção programada aos "bancos" dos dois intervenientes no jogo.
Da parte do Sporting, o capitão Lobo da Costa não levantou o mínimo problema. Porém, da parte do Benfica, o "magriço" José Augusto, de uma forma correcta, aliás, recusou totalmente o controlo aos seus atletas...
Acrescento que os dois jogadores do Sporting, escolhidos para serem submetidos ao controlo, revelaram ausência de substâncias proíbidas...
Quanto à postura do Benfica ainda hoje estou para saber a causa da recusa! O José Augusto poderá explicar."

Perdemos o jogo por 3-1...e, como tinhamos sido campeões nesse ano, falhámos a "dobradinha"...
Tenho bem presente a tristeza com que nessa tarde abandonei o vale do Jamor... Triste, mas conformado... Eles tinham sido melhores, chegaram mesmo aos 3-0, minorado por um golo, creio que do Peres, quase ao findar do jogo, tinham corrido mais do que nós e chegavam sempre primeiro à bola... Pudera, hoje calculo porquê...


III

...Nos "entretantos", ele é a transferência atabalhoada dum tal defesa central, Ronaldo de seu nome, para o Besiktas da longínqua Turquia, com um certificado internacional "arranjado" às "três pancadas" e muito depressinha por causa das dúvidas..., ele é o caso Nuno Assis...


IV

Porém, tudo isto tem um nome - B A T O T A !

E continuo a trascrever:

"batota s.f. 1. Desrespeito das regras do jogo, sem que o outro ou outros jogadores se deem conta, com o objectivo de ganhar. ALDRABICE, TRAPAÇA. 2. Desrespeito ou não cumprimento de uma regra, um uso ou daquilo que se combinou previamente. 3. Jogo ilícito" (in "Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea" da Academia das Ciências de Lisboa, editado pela Editorial Verbo, 2001, página 501, 1º volume).

"batota s.f. (palavra entrada na língua portuguesa em 1871). 1 fraude em jogo; patota 2. qualquer forma de trapaça; falcatrua, maroteira" (in "Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa", editado pelo Círculo de Leitores, 2002, página 540, 1º volume)


V

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos, em nome da tão apregoada regeneração do futebol português.........