quinta-feira, dezembro 28, 2006

Declaração de voto (III)




Assim como o Real Madrid teve, nos anos 80 do século passado, a sua Quinta del Buitre (porque era Emílio Butragueño o porta-estandarte de um grupo do qual faziam parte Michel e Sanchis, por exemplo), no Sporting 2006 podemos começar a falar da Turma do João. Miguel Veloso, Nani, Djaló são os integrantes desta turma 2006, mas outros se anunciam (para já, temos o regresso de Pereirinha, até agora emprestado ao Olivais e Moscavide). Foram todos colegas nos juniores do Sporting, onde foram todos orientados por Paulo Bento.
De Yannick Djaló se pode dizer que é um jogador... estimulante. Um explosivo em potência, a quem ainda faltará apenas o click que o pode tornar num jogador fascinante e imparável. Mas já é hoje um jogador muito interessante, anos-luz à frente, por exemplo, de Silvestre Varela (emprestado ao Vitória de Setúbal), do meu ponto de vista uma promessa prestes a passar à simples qualidade de ex-promessa. Djaló está no bom caminho e bem fez o Sporting ao renovar o contrato até 2013.
Miguel Veloso. Com diria o meu muito querido amigo José Henrique Soares (JHS no mundo NQC71), ainda bem que saiu... à mãe. Quase tudo o que tem feito tem feito bem, revelando extraordinárias qualidades. Por exemplo, a sua exibição frente ao Inter de Milão, em Alvalade, só está ao alcance de um grande jogador. Mas é ainda, vê-se, um jogador em formação, que tem muito a ganhar m trabalhar com Paulo Bento. Se souber fazê-lo, com paciência e com entrega, sem escutar certos «cantos de (falsas) sereias», Veloso, Miguel, pode tornar-se num enorme jogador.
Finalmente, Nani. Um verdadeiro diamante em lapidação que começa a dividir opiniões em Alvalade. Começo por dizer a minha opinião pessoal, possívelmente contrária à de muitos: está nesta época muito mais jogador do que na temporada passada. Continua a ter muitas «pausas», a ser capaz de uma infantilidade a seguir a uma genialidade, ou de se perder em «berloques» artísticos em prejuízo da eficácia e do colectivo. Sim, tudo isso, que às vezes o torna num jogador profundamente irritante. Mas também é verdade, na minha opinião, que está muito mais entregue ao jogo e que já consegue fazer recuperações defensivas importantes. No recente jogo com a Académica foi assobiado, do meu ponto de vista (e não só...) muito injustamente, porque foi um dos melhores jogadores, senão o melhor, do Sporting. Tem tudo para ser grande, muito grande, tremendamente grande. Assim tenha a inteligência de perceber o que deve mudar no seu futebol e que tem muito a ganhar em continuar a crescer com Paulo Bento em vez de optar por saltos no escuro, muito interessantes a curto prazo, mas de duvidosa eficácia na gestão da sua carreira.
É evidente que só por demagogia se pode dizer que o Sporting pode e tem de conservar todos os seus talentos, por mais que o pretenda. Se um jogador ganha 5, o Sporting não pode pagar mais de 10 ou 15 e aparece um «tubarão» do futebol europeu a oferecer-lhe 50 ou 60, não há clásula de rescisão que aguente... Mas é igualmente evidente para mim que o Sporting deve tentar manter o maior tempo possível as suas «pérolas», a Quinta do João, e resistir, o mais que puder, a todas as abordagens. Até pela curiosidade de ver até onde estes «putos», juntos, podem ir. Seria... bonito.