terça-feira, agosto 26, 2008

O culto da hipérbole

O Benfica reforça, nesta fase maestro rançoso, as características de fenómeno rasca que já vem revelando há muito tempo. Tudo o que envolve a equipa é exagerado e dramatizado. É verdade que o benfiquismo nunca se destacou pela compustura - em tempos, podia, contudo, falar-se de uma certa linhagem popular. Hoje, é só populismo e do mais descarado. Os profissionais de comunicação (perdão, de propaganda) ao serviço do vieirismo e interesses adjacentes alimentam esta histeria permanente para ganhar uma exposição que encanta os papalvos, mas não é a melhor forma de obter êxitos desportivos. Os jogadores que assinam pelo clube são os melhores do mundo - Freddy Adu foi chamado o novo Pelé, Dabao o novo Eusébio (diz que eram parecidos a comer...) e Di María, é claro, o novo Maradona. Assim que botam faladura, os contratados não fazem a coisa por menos: o Benfica é o maior do mundo. Balboa, por exemplo, não teve dúvidas - maior do que o Real Madrid! Este frenesim funciona em catadupa. A agitação chama ainda mais agitação. Este fim-de-semana houve de tudo: atentados terroristas contra o autocarro, telemóveis perdidos junto de pneus a arder, jogadores amnésicos, ambulâncias a entrar no estádio, o maestro aos saltos na bancada como se fosse chefe de claque. No meio disto tudo, é claro, dois pontinhos deixados em Vila do Conde. Se no sábado perderem em casa com o Porto, querem uma apostinha que começam os lenços brancos?