Da pena de João Carvalho, ex-dirigente duma “badalada” agremiação de Lisboa, saiu o texto seguinte, publicado na página 2 do jornal DIÁRIO DESPORTIVO, de hoje, dia 21 de Março, e que, com a devida vénia, passo a transcrever na íntegra, ainda que chame a vossa particular atenção para a parte referente à analise que faz do anunciado empréstimo obrigacionista de 20 milhões de euros que a referida agremiação vai lançar no mercado:
“DIMINUIÇÃO OU AUMENTO DO PASSIVO ?
As notícias publicadas na sequência da Assembleia Geral da SAD do Benfica anunciavam, com pompa e circunstância: Benfica reduz passivo com a emissão de empréstimo obrigacionista de 20 milhões de euros. Fiquei estupefacto!
Penso que não será preciso um curso superior para entender que qualquer emissão de dívida ou aumenta ou substitui passivo. Neste caso, pelas declarações dos seus administradores, parece substituir um anterior empréstimo de 15 milhões de euros, que vencia em Abril 2007. Ou seja, parece claramente aumentar, porque qualquer criança da instrução primária sabe que 20 é maior que 15. No entanto, não é esta a informação que aparece veiculada na imprensa. Pior: é exactamente a contrária!
Óbvio que nada disto é por acaso. A máquina publicitária montada no meu Clube/SAD é impressionante e alienante. Suga totalmente a inteligência das pessoas, de tal maneira que os jornalistas (certamente de boa-fé, embora incauta e desprevenidos) embarcam em erros grosseiros e primários. Esta máquina tritura todos os que contra ela se assumem. Utilizando linguagem primária, quando não grosseira, Luís Filipe Vieira lidera esta campanha dizimando todos os que contra ele se manifestam, beneficiando da complacência cúmplice de muita comunicação social, que nada publica sobre todos aqueles que contra ele ou esta Direcção se manifestam. Como quem não aparece, esquece, Vieira sabe que se calar a crítica esta não existe – Salazar fazia o mesmo, numa censura férrea, até que caiu da cadeira.
No entanto, a realidade é diferente da permanente ficção cor-de-rosa em que os benfiquistas gostam de crer.
Este Benfica, actualmente, pertence à banca, tal como o Chelsea pertence a Abramovitch. O resto é conversa. Vieira é a bandeira ondulante de uma discreta banca que se meteu no futebol para ganhar dinheiro. Pergunta-se: e isso é mau? Depende dos pontos de vista. Os magnates ou crédulos nem se importam. Os que são do Benfica, como eu, sofrem – porque o Benfica independente, que até contra a ditadura de Salazar lutou (quando este quis alterar as cores do equipamento por ser vermelho), torna-se cordeiro submisso, vendendo o seu património desportivo (jogadores, entenda-se), quando a banca o exigir, sem qualquer capacidade para se poder opor.
Só podemos concluir o que todos sabemos mas fingimos ignorar: Os sócios, na actual conjuntura, já não mandam praticamente nada no seu Clube !”
O texto, obviamente insuspeito atendendo à filiação clubista do seu autor, fala por si, pelo que, eximindo-me a qualquer comentário, deixo-o à vossa consideração.
Apenas acrescentarei que Esopo, célebre escritor grego que viveu entre 620 e 560 a.C., conhecido pelas suas fábulas sobre animais, se lesse este texto e tomasse conhecimento da realidade a que o mesmo se refere, titulá-lo-ia... A GALINHA DEPENADA...
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