Uma boa opção

Fábio Coentrão foi uma das grandes revelações desta época. Desassombrado, assumiu publicamente o seu sportinguismo e exprimiu o sonho de jogar de leão ao peito. O SPORTING chegou a admitir a sua contratação, apesar de ter em Alcochete o seu campo natural de recrutamento de jovens jogadores. Interpôs-se, no entanto, o Benfica. O confessado sportinguismo do jovem craque do Rio Ave aguçou o apetite do sr. Vieira, que deve ter achado uma jogada fantástica a "instituição" roubar ao SPORTING este reforço. O espectáculo de um jovem a vender a alma ao diabo reconcilia Vieira com a vida, fá-lo sentir-se seguro ao ver confirmada a superioridade em que sempre acreditou do dinheiro sobre a moral e os princípios. E, na verdade, o vilacondense lá assinou pelo Benfica, para gáudio da cambada.
Só que, depois de ter renegado a sua fé, Fábio nunca mais foi o mesmo. Às óptimas exibições, sucederam-se jogos horríveis. Domingo passado, em Guimarães, numa partida crucial para o Rio Ave, não só se arrastou em campo, como ainda por cima se fez expulsar, por "bocas" ao árbitro, prejudicando a equipa e contribuindo para que o Rio Ave fosse goleado pelo Vitória por um concludente 3-0, colocando a subida, que parecia garantida, em risco. Os colegas, ainda em campo, fizeram sentir o seu desagrado pelo insuportável vedetismo do futuro jogador encarnado. Hoje, o pasquim "A Bola" afadiga-se em promover uma espécie de "Perdoa-me", ao melhor estilo pimba, tão caro ao benfiquismo do nosso tempo.
Perante todo este deplorável espectáculo, só resta concluir que o jovem Fábio fez afinal muito bem em preferir o dinheirinho às convicções. Assinou pelo clube certo.