terça-feira, abril 24, 2007

Memória

Faz hoje precisamente trinta e três anos, acordei e passei o dia todo a pensar no SPORTING. Depois de uma carreira brilhante na Taça da Taças, o SPORTING jogava na RDA uma cartada decisiva. Tinha assistido ao vivo, quinze dias antes, ao jogo da primeira mão da meia-final em Alvalade, com um empate 1-1. Foi um jogo fraco e marcado pelo azar. Logo após Yazalde ter sido rendido, o árbitro assinalou uma grande penalidade a favor do SPORTING. O extremo-esquerdo Dinis foi chamado a marcar o castigo e... fez um passe ao guarda-redes alemão. Ainda assim, toda a gente saiu do Estádio com a convicção de que no dia 24, em Magdeburgo, o SPORTING poderia carimbar o passaporte para a final.
Era eu (ai que saudades, ai, ai..) aluno do 4º ano do Liceu Padre António Vieira. O jogo estava marcado para as 18,00 horas portuguesas, mas as aulas só acabavam às 19,00 horas. O meu requerimento doméstico para faltar à última hora foi liminarmente indeferido. Restou-me, assim que tocou para a saída, largar a correr que nem um doido até casa da minha querida avó, que era bem perto do Liceu, para assistir pela televisão à segunda parte.
O SPORTING falhou, mas por pouco. Na memória de todos ficou aquela perdida infantil do Tomé, a poucos instantes do final. Seria o 2-2 que nos daria o apuramento...
Pouco depois de acabar o jogo, passava na rádio a primeira senha do 25 de Abril. A revolução estava em marcha e a equipa do SPORTING ficaria retida no aeroporto de Madrid.
São, pois, duas as memórias que se entrelaçam neste dia - a do 25 de Abril e a do SPORTING. O nosso Clube sempre presente. Sempre a fazer parte da nossa vida. Sempre a fazer parte da nossa história. Sempre com afecto. Um amor que não tem fim.